Amar a Cristo quer dizer lutar por Ele e odiar tudo o que não vem dEle ou: O Amor Divino também é o Perfeito Ódio

Amar a Nosso Senhor Jesus Cristo até nos ínfimos detalhes é um desafio para a atual geração, porque há o amor irrestrito à família, a afeição irrestrito aos mestres e professores, a amizade irrestrita aos amigos, o respeito irrestrito aos inimigos e há, concomitantemente, as consequentes repugnâncias à luta, à honra, à coragem e à morte.

Porque o amor perfeito é despossuído de apegos carnais a pessoas, a posses, a status social, a reconhecimentos honoríficos, a tudo que possa ofuscar o grande amor. Os grandes santos amaram perfeitamente, abdicando de glórias, de aplausos e de afetos (mesmo os familiares), para que estivessem, ainda em vida terrena, unidos ao Amor Sagrado.

Quem de nós poderá renunciar o terreno amor materno quando eivado de sentimentalismos contrários ao Amor Sagrado?

Quem de nós poderá renunciar o tão sonhado casamento com aquele (a) morninho (a), muito apegado a sensacionalismos culturais cristãos, coberto de considerações mundanas  e que possui faustosas posses?

Santo Elias: “Eu me consumo de zelo pelo Senhor Deus dos exércitos. Porque os israelitas abandonaram a vossa aliança, derrubaram vossos altares e passaram os vossos profetas ao fio da espada. Só eu fiquei, e querem tirar-me a vida” (1 Reis 19, 9-10). 

Amá-Lo mais que a própria vida”

Sermão sobre o Evangelho de São Mateus 35, 1-2

“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de Mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais que a mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz e não Me segue, não é digno de Mim.” Observaste a autoridade do Mestre. Vês como Ele demonstra ser o Filho legítimo do Pai, ordenando que tudo fique debaixo de seus pés e o amor a Ele se anteponha a todas as coisas…

E se Paulo recomenda com tanto cuidado aos filhos de serem obediente aos pais, não nos assombremos. Ele ordena a obediência aos pais somente naquelas coisas que não ofendem a piedade para com Deus; e em todas as outras coisas é coisa santa procurar-lhes toda a honra. Mas se eles exigem de nós o que não lhes é devido, não se deve obedecê-los. É por isso que Lucas, citando as palavras de Jesus, escreve: Se alguém vem a Mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo. Não manda simplemente odiar, coisa que seria o cume da iniquidade; mas que se eles querem que os amem mais do que a Mim, por este motivo pode odiá-los. Do contrário perderias ao que ama e ao amado.

Jesus fala dessa forma para tornar ao mesmo tempo os filhos mais fortes, e os pais, que querem obstruir, mais mansos. Constatando que Deus tem tal força e poder de atrair a si os filhos dos homens, separando-os dos seus pais, estes últimos desistam de se opor, compreendendo que tdos os esforços neste sentido seriam inúteis. Mas que depois, para que estes não fiquem indignados nem o levassem a mal, observa para onde encaminha o seu discurso. O que não odeia ao seu pai e a sua mãe, acescentou ainda mais: a sua própria alma.

Como se dissesse: Para que me alegas que são teus pais, irmãos, irmãs ou esposa? Não existe nada mais unido contigo do que a tua alma. E não ordenou simplesmente odiá-la, mas de tal forma que a entregues aos combates, às batalhas, à morte e ao sangue. Pois diz: Aquele que não toma a sua cruz e não Me segue, não pode ser Meu discípulo. Não diz apenas para estar preparado para a morte, mas para uma morte violenta, e não só violenta, mas ignonimiosa.  (1)

Dois fogos trazia n’alma,Dois fogos trazia n'alma, com que as brasas resfriou, a no fogo em que se assou, com tão gloriosa palma, dos tiranos triunfou. Um fogo foi o temor do bravo fogo infernal, e, como servo leal, por honrar a seu Senhor, fugiu da culpa mortal. Outro foi o Amor fervente de Jesus, que tanto amava, que muito mais se abrasava com esse fervor ardente que co'o fogo, em que se assava, Estes o fizeram forte. Com estes purificado como ouro refinado, padeceu tão crua morte por Jesus, seu doce amado. (Extraído do Auto de São Lourenço - São José de Anchieta).
com que as brasas resfriou,
a no fogo em que se assou,
com tão gloriosa palma,
dos tiranos triunfou.
Um fogo foi o temor
do bravo fogo infernal,
e, como servo leal,
por honrar a seu Senhor,
fugiu da culpa mortal.
Outro foi o Amor fervente
de Jesus, que tanto amava,
que muito mais se abrasava
com esse fervor ardente
que co’o fogo, em que se assava,
Estes o fizeram forte.
Com estes purificado
como ouro refinado,
padeceu tão crua morte
por Jesus, seu doce amado.
Estes vos manda o Senhor
a ganhar vossa frieza,
para que vossa alma acesa
de seu fogo gastador,
fique cheio de pureza.
Deixai-vos deles queimar
como o mártir São Lourenço,
e sereis um vivo incenso
que sempre haveis de cheirar
na corte de Deus imenso.
(Extraído do Auto de São Lourenço – São José de Anchieta).

 

Quem de nós poderá renunciar aos grupos de amigos, conquanto se diga cristão, repletos de ocasiões de pecado, de malícia, de leviandade, de doutrinas de cismas, de vertentes contrárias à Igreja e de toda a sorte de dano intelectual?

Quem de nós poderá renunciar à fama intelectual em nome da Verdade doutrinária da Igreja, com todos os seus pormenores e com todas as suas prerrogativas?

“Que significa: Carregue a sua cruz? Suporte qualquer moléstia: e assim Me siga. Bastará que Me siga imitando a Minha Vida e cumprindo Meus Preceitos, para que, no momento certo apareçam muitos oponentes, muitos que tentem impedi-lo, muitos que quererão lhe dissuadir, e os encontrará inclusive entre os seguidores de Cristo. A Cristo acompanham aqueles que queriam calar aos cegos. Se queres seguir-Lhe, aceita como cruz as ameaças, as seduções e os obstáculos de qualquer tipo; suporta, aguenta, fica firme. Estas palavras do Senhor parecem uma exortação ao martírio. Se aumenta a perseguição, não deve desprezar tudo por amor a Cristo?.” (2)

 

santa cecilia7

Gostaria também de imolar minha vida,
ofertando a Jesus meus prantos e meu sangue…
Dá-me saborear, nesta terra estrangeira,
o perfeito abandono, doce fruto do amor.
Dá-me, santa querida, a graça de voar
para longe desta terra em revoada sem volta!
(Extraído da poesia ‘Santa Cecília’, de Santa Teresinha do Menino Jesus)

 

 

 

(1) Sermão sobre o Evangelho de São Mateus 35, 1-2., São João Crisóstomo;
(2) Sermão 96.1-4, sobre o Evangelho de São Mateus, Santo Agostinho.

 

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